Uma saudade gostosa,
Dos meus tempos de criança
Momentos que há muito se foram
Mas que guardo na lembrança
Desemboque, Alto Porã
Vilarejos, uma graça
Mas Rifaina onde nasci
É saudade que não passa
No quintal o pé de laranjas,
Jabuticabas pretinhas
No mato apanhei gabirobas
E amoras madurinhas
Nas beiradas do riacho
A lagartixa esperta
E os olhos grandes do sapo
Para mim era tudo festa
Vagalumes ou pirilampos
Nome certo, eu não sabia
Mas se as luzinhas piscavam
Ao encontro delas eu ia
E cantava sempre assim:
“Vagalume tem tem
Seu pai tá aqui
Sua mãe também”.
Ainda bem menininha
Sonhava ter namorado.
Era o bonito garoto
Que queria ser soldado
Professoras dedicadas
As que jamais esqueci
Seus nomes ainda guardo
Rute, Ângela e Zeni
Foi sempre meu companheiro
O cão valente e amigo
Doque, esse era o seu nome
Onde eu ia, Doque comigo
E juntos a passear
Eu cantava e o cão corria
Se pressentia perigo
Em aviso Doque latia
Um dia, chamando por ele,
Virou a patinha e caiu
Escorregando no lodo,
Num abismo Doque sumiu
Dos meus tempos de criança
Lembro tudo o que passei
Mil vezes foram só risos
Poucas vezes eu chorei