Trabalhava em uma repartição pública. Estava prestes a se aposentar. Tinha mais de quarenta anos dedicados ao trabalho na mesma função.
Possuía um Fusca ano 1962, que havia tirado zero, novinho.
Tinha o costume de dirigir o carro à noite pelas ruas da cidade. Às vezes ia até às duas horas da manhã.
Vivia de olho no marcador de quilometragem.
Naquela noite, aconteceu. Passava da meia-noite. Parou o carro.
Saiu e ajoelhou-se na rua. Apenas uma testemunha. Um motorista de taxi.
- Alcancei uma graça, alcancei uma graça, gritava o senhor.
O taxista se aproximou. Ele sorriu e mostrou a quilometragem.
Estava lá. Cinco números noves.
Ele atingira a marca de noventa e nove mil quilômetros. Depois de trinta e cinco anos.