Nem o leão escapou: foi roubado. Evidentemente, o leão era manso, bem manso. Muito diferente do leão do imposto de renda. Esse é bravo, bem bravo. Suas mordidas são doloridas, fatais até. Ninguém escapa às suas garras afiadas. Ninguém escapa à sua voracidade. Ninguém consegue roubá-lo. Ele tem um controle total sobre sua presa. Feroz, selvagem, basta um mínimo descuido para que ele engula a sua vítima.
O leão sequestrado de uma propriedade rural de Monte Azul Paulista, era, como disse, calmo, manso, pacífico. Ainda jovem, o leão passava tranquilamente os seus dias numa jaula onde procurava manter os seus 300 quilos com uma porção diária de carne fresca que custava ao seu atual proprietário uma média de 2000 reais por mês. Não se sabe ainda com a devida riqueza de detalhes os motivos e os métodos usados no seqüestro do bichano.O fato é que o leão sumiu de Monte Azul e foi aparecer em Maringá.
Eu pensei que tivesse conhecimento de tudo quanto é tipo de roubo. Já vi, por exemplo, roubo de gaiolas, de passarinhos, de cachorros, de samambaias, de tênis, de botijão de gás, de máscaras de carnaval, de bolinhas de gude, de roupas estendidas em varais, de figurinhas de jogador de futebol, cigarros, bolas, brinquedos de toda espécie , bicicletas, patins, etc., etc. Mas de roubo de leão é a primeira vez que tenho notícia. Sem dúvida, é um acontecimento inédito, extraordinário, digno de registro. Com esse crime, a lista de roubos e furtos está completa. Não há mais nada fora do alcance da gatunagem. Será? Será mesmo? Na verdade eu acho que há ainda um tipo de roubo que não foi perpetrado. Falta roubar um elefante. O leitor duvida que isso possa acontecer? Eu não. Há gatuno pra tudo. O problema estará na logística.
É fácil para a polícia encontrar um felídeo sequestrado. Basta ouvir os seus rugidos. Portanto, rapidamente, o Rawell (esse é o nome do bichinho ) foi descoberto em Maringá. Porém, o caso ainda não está completamente solucionado. Discute-se, agora, a questão da propriedade, da posse e domínio sobre o leão. E, do jeito que as coisas andam no Brasil ( lembrem-se do caso do galo de uma Comarca que foi parar no Supremo), só mesmo o Pretório Excelso para decidir quem fica com a parte do leão, ou melhor, com o leão inteiro.