ShreK e Fiona nunca estiveram juntos na infância. Nunca brincaram nas mesmas rodas. Suas famílias tinham origens diferentes. Foram para escolas distantes e de orientações talvez conflitantes, quem sabe? Ela debutou em baile ao qual ele não teve entrada. Nem foi convidado. Ela teve admiradores: alguns interessados em seus bens e títulos – que eram muitos; ele teve outras namoradas, atraídas por encantos que só mesmo Fiona para dizer. Ela aprendeu maneiras finas e era delicada como convinha às moças casadoiras, de boas famílias e educadas por babás rigorosas. Shrek participava de concurso de arremesso de sementes de laranja e de cuspe à distância. Aprendeu a nadar no córrego, mas acha mesmo que foi o lambari que engoliu vivo, que o fez campeão. Ganhou medalhas e títulos em outros concursos que envolviam cheiros e volumes e se orgulhava deles até encontrar Fiona. Ninguém entende o que um viu no outro. Desde o primeiro encontro, porém, o encantamento os transformou: ela ficou parecida com ele e ele ganhou olhar doce e apaixonado. O amor, de fato, não tem lógica e, com certeza, transforma.
(Lúcia H. M. Brigagão)