Recordo-me, com saudades, de vários colegas da Faculdade de Direito de Franca. Passados mais de 40 anos, deles ainda me lembro como se fosse hoje. José R. Costa, natural de Caconde, o famoso Zezo, era um deles. Alegre, irônico, brincalhão, Zezo gostava do teatro. Após sua formatura, ele tornou-se Juiz de Direito.
Anos atrás, li, num jornal de grande circulação, uma notícia sobre as atividades do Zezo. Exercendo a magistratura em São João da Boa Vista, ele se destacou por ter exarado uma sentença “sui generis”. Num litígio em que a vítma reclamava reparações pelas injúrias e difamações espalhadas por suas vizinhas, Zezo obrigou as rés a usarem máscaras cirúrgicas por vários meses. E, assim, o brilhante Magistrado considerou reparado o dano sofrido pela suplicante.
Na Copa do Mundo realizada no Brasil, o uruguaio Luís Soares atacou um italiano com uma forte mordida no ombro. A FIFA condenou o infrator à suspenção de 9 partidas e à proibição de freqüentar campos de futebol por 4 meses.
Uns acharam a punição excessiva. Outros consideraram a punição necessária e exemplar. O meu amigo Mário, por seu lado, apresentou outra solução para o caso. Cirurgião-dentista, especialista em dentes e bocas, sem nenhum conhecimento de leis e jurisprudência, Mário propôs, ao invés da suspenção e proibição
de frequentar as praças desportivas, que o “cachorro louco” entrasse em campo com a devida focinheira.
Ninguém pode garantir que o atleta uruguaio, depois de cumprir a punição que lhe foi imposta, não irá reincidir. Aliás, não é a primeira vez que o Soares morde o adversário. Por três vezes já o fez. Portanto, prezado leitor, a medida mais segura e garantida seria a proposta pelo Mário. Com a focinheira, a integridade física dos atletas concorrentes estaria plenamente garantida para sempre.
Seguindo essa linha de raciocínio e punição, tomo a liberdade de sugerir que os jogadores truculentos, useiros e vezeiros em dar botinadas e carrinhos faltosos, deveriam ter as pernas contidas por peias. Assim, prezado leitor, as partidas de futebol seriam menos violentas.
Chiachiri Filho, historiador, criador, diretor por oito anos do Arquivo Municipal e membro da Academia Francana de Letras