Nas eleições municipais de 1976, Maurício Sandoval Ribeiro candidatou-se a Prefeito , tendo a mim como Vice. Em nossas andanças pelos bairros da cidade constatamos dois graves problemas que afligiam os seus moradores: a falta d’água e o precário sistema de esgotos. No Jardim Seminário ( lembro-me como se fosse hoje ), encontramos um eleitor abrindo uma fossa na calçada visto que no seu quintal não havia mais espaço. Para acalmar o nosso desconsolado, zangado e desiludido eleitor, nós nos comprometemos com ele que, durante a nossa gestão, iríamos resolver o grave problema.
Em 1977, ao assumirmos a chefia do Executivo Municipal, Maurício entregou-me para , estudo e parecer, o diagnóstico e as soluções para o problema da água em Franca. A firma de engenharia encarregada do trabalho denominava-se CERET. A empresa fez um estudo dos mais sérios e aprofundados e, após a análise de várias maneiras de captação, apresentou como a mais viável, econômica e limpa, a canalização do Rio Canoas ( que já havia sido começada ). Pelas projeções da CERET, Franca não teria problemas de água até o ano 2000, quando a sua população atingiria , segundo o prognóstico, 400.000 habitantes.
Maurício, à vista do meu parecer e da opinião de alguns funcionários, homologou o contrato com a Sabesp que, no entanto, comprometeu-se a resolver o problema da água. O esgoto ficaria para uma outra fase. Maurício não concordou com a demora na canalização do esgoto e saiu a campo. Com algum dinheiro da Prefeitura, com a ajuda do Secretário Reinaldo de Barros, com recursos do governo estadual e federal, ele conseguiu que a Sabesp fizesse vários quilômetros de canalização de esgotos. Ao fim do seu primeiro mandato, a cidade da Franca contava com aproximadamente 90% de infra-estrutura.
À época do Governador Orestes Quércia, o Chefe do Executivo Paulista solicitou aos Prefeitos que indicassem três prioridades a fim de que fossem atendidas pelo governo. Maurício pediu, como primeira prioridade, a Estação de Tratamento de Esgotos. Alguns políticos, velhos raposas, criticaram-no dizendo que ele enterraria a sua administração. Maurício respondeu:
-Prefiro enterrar minha administração do que as crianças de minha cidade.
E foi assim que os índices de mortalidade infantil caíram em Franca e o IDH da cidade subiu.
Franca encabeça hoje a lista das principais cidades onde a água é pura e potável, onde o esgoto é tratado, onde o lixo urbano é devidamente enterrado. Franca é um exemplo para todo o Brasil, exemplo do qual nos orgulhamos.
Portanto, meu esclarecido leitor, valeu à pena. Valeu à pena eleger um político honrado, honesto e competente. Valeu também à pena participar da política e ter histórias bonitas para contar.
As eleições estão aí. Cuidado, prezado leitor, cuidado! Não vote em qualquer um. Pense bem, analise bem. De seu voto dependerá o futuro da Pátria.
Chiachiri Filho, historiador, criador, diretor por oito anos do Arquivo Municipal e membro da Academia Francana de Letras