Quem disse que apenas o famoso
vira manchete de jornal?
Para cair na boca do povo
basta ser temperamental.
Notícia ruim corre bem rápido,
traz o comportamento curioso;
apoio condicionado e frágil
que não resiste ao furioso.
Pouco importa que se esclareça
que o incômodo é pontual,
não há comoção que dure
para o segundo temporal.
Diante da inércia relatada,
procuram nos classificados:
viagem para flashes e aplausos,
que importa o corpo esticado?
Alegria, o moribundo resistiu!
Esquecem os próprios dilemas -
é hora da mesa redonda,
discutir a origem do problema.
Seria o gene, o ar, a água, a comida?
De certo não, fatalidade é para os seus.
Pelas escolhas que fez na vida,
só pode ser o castigo de Deus.
Julgamento sem contestação,
pena de pronto aplicada;
melhor ficar com a única versão
daquela testemunha ilibada.
E seguimos na mesma pauta
condenando quem está doente,
doce ilusão é o que não falta
na tribuna do descontente.
Da redação:
Por mais que se reportem
às mensagens dos jornais,
a outra vida segue plena,
trincada em linhas verticais.
Notinhas pequenas à parte,
é a recente sinopse que diz:
enquanto perdura o debate,
o preso vai liberto e feliz.
Cristiane Ávila Paulo, advogada