O passado me dá sustentação. Porém, olhando para a pessoa que viveu lá, parece outra. Não eu. Muitas escolhas feitas, portanto, são relacionadas àquela outra pessoa, não comigo, agora. Há sim uma linha lógica que percorre vigorosa a minha passagem de tempo. Mas, tamanha é a transformação, que, por vezes, fica difícil identificar sua origem. Percurso intenso, longo e rápido, como um sopro de Niemeyer. Será que eu, daqui vinte anos, me estranharei assim? Meu passado não me condena, explica. Um pouco. O resto, segue como areia movediça. Ainda bem.
Tânia Liporoni, advogada e autora de Parceria de Um e Pega-me. Membro da Academia Francana de Letras