O prezado leitor deve estar revoltado com os desmandos e a bandalheira verificados na Petrobrás. Tal revolta atinge, sem dúvida, todo o sofrido povo brasileiro. Porém, atônito leitor, para não fugirmos à verdade, é preciso que se diga que a corrupção brasileira é ampla, geral, irrestrita, atemporal, inerente, imanente, impregnante, persistente. Não é só a esfera federal que sustenta, promove e pratica a corrupção. Os governos estaduais também não escapam dessa praga. São obras que nunca acabam, verbas que nunca chegam, superfaturamentos que se multiplicam, cargos em comissão que proliferam, nepotismo que se instala, enfim, sujeira da grossa que procuram esconder por baixo dos tapetes vermelhos dos palácios. Na esfera municipal a situação é a mesma. Há Prefeitos, Vereadores, funcionários públicos que formam verdadeiras quadrilhas para assaltar os cofres públicos. Nas Prefeituras, as fontes da corrupção encontram-se nas concessionárias de serviços públicos tais como as empresas de ônibus, as coletoras de lixo, as empreiteiras de obras. Quantos Prefeitos não se enriqueceram ao aumentar as tarifas dos coletivos urbanos, ao fazerem vistas grossas para a pesagem do lixo urbano, por superfaturarem as obras licitadas e inconclusas? O leitor perspicaz não desconhece certos Prefeitos e alguns servidores públicos que conseguiram sucesso financeiro em suas carreiras políticas. Hoje em dia, chegam a posar de empresários bem sucedidos.
A corrupção espalha-se por todos os quadrantes nacionais: norte, sul, leste, oeste. Não deixa de lado nenhum órgão estatal, nenhuma empresa pública, nenhuma repartição administrativa. A corrupção é ampla, geral, irrestrita e atemporal, pois já no Império dizia-se que no Brasil: “Quem rouba pouco é ladrão.
Quem rouba muito vira Barão.” Lamentavelmente, a corrupção não está impregnada somente nas instituições governamentais. Ela é bem ampla e geral. Atinge também os sindicatos, as associações de classe, os clubes esportivos e recreativos e toda e qualquer entidade que vive do dinheiro alheio, isto é, da contribuição dos sócios. Onde a coisa é pública ou semi-pública, todo mundo mete a mão. Onde o dinheiro não tem um dono presente , vigilante e identificável, o roubo, o peculato, a bandalheira, a desonestidade assumem o seu papel.
Por fim, desalentado leitor, sou obrigado a dizer-lhe, com o coração partido, que : “Fora da corrupção, não há salvação”. Não há salvação porque os corruptos e os corruptores estão sempre sendo eleitos e reeleitos para os cargos de prefeito, vereador, governador, deputado, senador , presidente da República e dirigente de entidades associativas.
Chiachiri Filho, historiador, criador, diretor por oito anos do Arquivo Municipal e membro da Academia Francana de Letras