Céu de nuvens carregadas
Terra seca de poeira fina
O universo todo se concentra à espera
Duma cópula que redundará em vida.
Os olhos vermelhos do lavrador sofrido
Permanecem brancos de tanto fitar
O bailado sedutor dos nimbos robustos.
Plantas com folhas cansadas
Ensaiam balouçar-se timidamente.
E eu espero mais, muito mais.
Meus olhos já estiveram vermelhos
A contemplar os lábios macios daquela mulher.
Já brilharam ao cruzarem o seu olhar
E se amorenaram passeando por sua pele.
O universo bruto dentro de mim
Geme à espera de um encontro vital,
Quando a torrente do seu amor
Inundará a aridez de minha alma.
E lavará a poeira depositada pelas incertezas.
Ronaldo Silva, vendedor, universitário