Crônica é crônica. Não é um conto, não é um romance ou novela, não é um ensaio. Crônica é um texto curto, bem curto, sobre um episódio da nossa vida particular ou sobre um fato de nossa vida coletiva. Mesmo abordando um fato de nossa vida íntima, a crônica deve ter a universalidade suficiente para atingir e sensibilizar a maioria dos leitores que, se não viveram, vão viver as mesmas emoções registradas no texto. Sendo assim, prezado leitor, tomo a liberdade de narrar um fato acontecido comigo e com a minha família que, sem dúvida, aconteceu ou poderá acontecer com a sua.
Tenho uma netinha, uma netinha adorável que está desabrochando para a vida. Portanto, sou avô. Um avô coruja, babão, bobão, deslumbrado. Tenho uma nora encantadora que, além disso, é uma mãe extremosa e carinhosa. Para completar, tenho um cachorro vira -lata, puro de origem, preto, alegre, participativo e por vezes, inoportuno.
Pois bem! Certo dia, minha nora chegou em casa com a minha netinha e o Curinga (nome do cão), veio recebê-las com a maior festa. Pulava, abanava o rabo, lambia as mãos das visitantes, enfim, promovia a maior algazarra. Minha nora, disciplinadora como é, resolveu pôr um fim à festiva e exagerada recepção com os seguintes comandos:
– Calma, Curinga! Senta. Senta!
O cachorro atendeu e dentro de alguns instantes foi para o seu canto.
Alguns dias depois, minha nora, como soe acontecer com todas as mães, começou a repreender séria e estridentemente a minha netinha em virtude da bagunça que havia aprontado na sala de estar.
A pequena notável e travessa observou as atitudes incomuns da mãe e, com a maior seriedade e com a mãozinha apascentadora, disse com o vocabulário de quem tem 2 anos de vida:
– Calma, calma, mamãe! Calma e “chenta”, mamãe!
Chiachiri Filho, historiador, criador, diretor por oito anos do Arquivo Municipal e membro da Academia Francana de Letras