Quando a primavera chega, o sol é morno e dependendo do lugar onde estamos em silencio, podemos ouvir o canto das cigarras.
Sinal de chuva... chuva que aguardamos tanto...
Uma janela bate ao longe, uma cortina voa e os objetos da mesa velha caem ao chão fazendo um estrondo no silêncio da manhã.
Levanto-me ainda trôpega de sono, caminho pela casa ainda de olhos fechados e neste corredor antigo e de tantos anos vou sentindo a brisa da manhã, o vento que despenteia meus cabelos, o perfume das rosas do jardim que chega deixando um rastro no ar.
Chego até a janela e vejo: o dia raiando, a luz intensa que fere meus olhos, mas, acima de tudo, sinto aquela sensação boa, de tempo velho com cheiro de novo, de atmosfera calma, de vida que gira, gira e que nos lança no redemoinho do universo onde somos um ponto, mas um ponto de racionalidade e sentimento.