(para Ti, com carinho, por tudo que fomos)
nesta noite amarei calado,
procurarei teu olhar,
e, ao encontrá-lo,
dissimularei.
ouvirei tua voz,
responderei,
perguntarei,
e nas respostas viajarei.
Nesta noite,
serei mais que nunca,
porque és próximo.
serei nada, como nunca,
porque sou presa.
adivinharei tuas pernas,
e não as tocarei,
imaginarei teus desejos,
mas irei não aguçá-los,
porque estarei inteiro à tua espera,
ciente de que não há encontro marcado.
saberei onde encontrá-lo,
e fingirei acaso.
passarei sem te olhar,
e mostrar-me-ei surpreso.
serei tua sombra sem contornos,
a sorver teus raios.
e tua luz, que não me escolhe,
invadirá minha trincheira.
e assim serei, entre teus dentes,
as alvas mentiras sensatas,
que alimentarão meus agônicos dias,
ressuscitando o ocaso de cada encontro.
...chega...