Culinária também é cultura. Ao chegar lá, pergunte aos moradores que passeios eles sugerem. Dirão, com certeza, que em Siracusa, Sicília, passeio imperdível é percorrer a feira esparramada pelas ruas que saem da linda praça que abriga as ruínas milenares do Templo de Apolo, onde se vende, sobretudo, frutas e verduras, que apenas são encontradas depois das barracas com produtos comercializados por imigrantes e refugiados.
O belo espaço esparramado ao longo da feira, que antigamente era o mercado, hoje está destinado a eventos culturais. Os comerciantes das antigas lojas e armazéns dentro do prédio foram para a rua e o comércio ali, prosperou. Há barracas que vendem peixes frescos, outras exibem especiarias coloridíssimas, há aquelas com temperos, ou frutas, ou queijos, ou embutidos. O olfato não dá conta de separar os aromas e os olhos deixam de perceber detalhes tal é a explosão de cores, cheiros e sabores.
Tudo isso, e ainda os sons exaltados, típicos de feira, que os comerciantes usam para anunciar a mercadoria disponível aos passantes, exaltando suas qualidades. Impossível não comparar com os nossos, o tamanho dos aspargos ali exibidos, ou os coloridos tomates, ou os pepinos e as hortaliças. Porém, o que mais chama a atenção são as Fiori di Zucca, ou Flores de Abóbora, matéria prima para iguaria italiana de mesmo nome, típica da Campania e da Calábria, que são passadas por mingau feito com mistura de ovos batidos, queijo, farinha, ervas secas, sal, e depois fritas. Impossível descrever o sabor, definido por muitos, como delírio. Inesquecível.
A memória gastronômica dos descendentes de avós mineiras registra a Sopa de Milho com Cambuquira, como são chamados, na vizinha Minas Gerais, brotos e flores de abóbora. Quem diria, nossa velha conhecida e rasteira abobrinha, com seus brotos e flores aqui pejorativamente chamados de “comida de pobre”, dando show de sabor na culinária internacional.