LP, CD, fita cassete, Pen Drive, Spotify. Telégrafo, telegrama, Internet. Cartas, e-mail, whatsapp. Telefone fixo, Celular, Smartwatch. Livros, textos, resumos, manchetes. Palavras, abreviações, grunhidos. Mirador, Barsa, Delta Junior, Google.
Avançamos fronteiras e diminuímos quase todos os acessórios da vida. Praticidade substituindo rituais. A evolução e rapidez trouxeram junto impaciência e exigência. Agora é o momento de tudo! Nada é para o amanhã e muito menos sobre ontem.
As prosas hoje são orientadas pela certeza; temos cada vez mais afirmações. Um monte de gente junto, convictos da sua opinião; monólogos compartilhados.
Diminuíram nossas palavras, aumentaram nossas contestações, nossos rancores.
Expandimos as redes sociais e afrouxamos nossos laços afetivos. Muitas festas e baladas, menos frango, macarrão e guaraná no domingo.
Aumentaram as possibilidades de escolhas, como também nossa angústia em escolher.
A morte abrevia a vida de forma cada vez mais variada.
Mais granolas, menos lactose; mais suplementos e músculos, menos poesia e canção.
Uma droga para cada dor e muita dor na droga.
Mais sexo, menos intimidade.
Que o mundo mudou, é fato! Nenhuma novidade. Assustador é ver o quanto mudou.
Reinventamos o tempo e colhemos consequências disso.
Assim vamos nós, costurando fragmentos pra tecer um futuro, hoje.
...” E a novidade que seria um sonho, o milagre risonho da sereia, virava um pesadelo tão medonho, ali naquela praia, ali na areia...
Gilberto Gil.