A coisa anda tão triste, escabrosa, no Brasil, no mundo. Notícias tão desalentadoras, que escolhemos fazer happy hour depois de um dia de muito trabalho: somente o casal.
Escolhemos um boteco, despertando lembranças da época de juventude, não tão despreocupada, já que nos conhecemos maduros de experiências tristes e alegres. Encontramos um perto de casa, serviço ótimo, gentil e prestativo, medida de comida/bebida regrada (dantes tão diferente!) (nos “enta” se sabe a dificuldade de manter disciplina nestes quesitos).
Criamos uma atmosfera. Plena terça-feira!
A imaginação pode nos salvar de abismos imediatos.
Atmosfera? Leveza, ternura, reconhecimento da finitude da vida e da raridade dos bons e belos momentos. Temos muitos, colecionados em três décadas e meia de convívio. Há o que celebrar.
De quebra, co-memorei os 98 anos que meu pai faria hoje, 28 de janeiro. Estou próxima da idade em que ele se foi...
Celebrei: há de chegar meu dia em que alguém poderá fazer o mesmo por mim, há de ter alguém a se lembrar desta minha curta passagem pela vida. Certamente os mais próximos.
Melhor do que póstuma, a melhor celebração é a de hoje. Se há guerras e epidemias e enchentes e violências e desacertos de toda ordem nas relações humanas, entre si e com seu meio ambiente, há momentos de paz, saúde, bem estar, boa vontade em acertar nas doses de amor e amizade entre quem se dispõe a manter intimidade e solidariedade ao pequeno mundo que constrói em torno de si.
Por que não criar hora feliz? Sexta, sábado, carnaval, natal, são convenções de alegria. Calendários não têm nossas marcas.
O melhor do humano está em imaginar, melhor ainda, inventar.
Transformar laços, escrever nova etapa da vida?
- Paisagens a mudar o sentir. A desafiar o pensar. Metamorfosear.
Por que não imaginar o melhor? Agorinha?