Cirlene de Pádua nasceu em Pratápolis-MG, mas se diz francana de coração. É professora, escritora, membro da AFL- Academia Francana de Letras. Em seu recém publicado dona moça toda prosa, traz-nos aquela prosa mineira que aquece a alma.

No texto de apresentação ela diz: “é uma prosa comigo mesma, sem cobrança”. E completa a explicitação nomeando o texto como Afetuosidade à flor da pele.

Em dona moça a autora nos conta de onde veio a inspiração para a primeira parte do título.

Nos 50 textos - crônicas e contos – que compõem a obra, Cirlene passeia pela nossa mais prosaica humanidade, como em Crônica desafinada e pelos nossos mais altos questionamentos existenciais, como em Descuido.

A autora navega entre saudades, como na carta a Joca, intitulada Para não dizer que não falei de saudade, e humor como em E turco perde alguma coisa?; e entre muitas outras nuances do sentir, do pensar.

Em Presente de avô enfoca a necessidade de percebermos que somos diferentes, pensamos e sentimos de formas diferenciadas. Em Solidão tece o inverso. Faz-nos ver a nossa semelhança; e deixa um recado caro dos espiritualistas: transformar solidão em solidariedade.

O livro, como objeto, está muito bonito, com o esmero de sempre da Ribeirão Gráfica Editora e as fotografias de pinturas de Toninha Ravagnani.

O livro, como expressão escrita, fica muito próximo de uma poética autobiografia. As palavras da autora testificam: “a dona moça que habita em mim nunca vai deixar de ser prosa, por isso abraço a vida com gratidão”.