Acabei de ler Travessia Custosa, da querida amiga, Sônia Machiavelli.

Não sei se apenas li. A minha sensação é a de que vivi cada passo dessa travessia. Fui caminhando junto com a autora, parando, muitas vezes para respirar mais profundamente, outras vezes para segurar a emoção que apertava o coração.

No espaço dedicado a Dor e Luto, não pude deixar de me sentir em cada família, em cada olhar, em cada perda. Tão bem Sônia se apossou desses múltiplos sentimentos que mais me parecia ser ela, a protagonista que vivia aquelas dores. Essa é a magia dos grandes escritores. As palavras se transformam nas mãos de Sônia Machiavelli, recebendo sangue, alma, respiração e se tornam completamente vivas em nós, leitores. Muitas vezes, tive que parar a leitura, pois o peso daquelas verdades machucava. E doía muito.

Depois, durante o caminhar, me vi encantada com tamanha sensibilidade. As lembranças amorosas da criança no Rente ao chão; a vida que renasce em Reviver, metáfora muito adequada para o nosso momento; o ponto de vista feminino tão bem apresentado em Sete mulheres e o olhar atento que capta e transforma tudo com essa Força Teimosa.

E quanta coisa aprendi de jardinagem, de suculentas, e de tomates...

Também não conhecia a história da árvore que permaneceu viva após o ataque de 11 de setembro. Sônia não deixa de lado seu papel de professora, pesquisadora e historiadora.

Em vários textos encontrei também o Mistério, aquilo que não se explica e para o qual eu dou o nome de Sagrado. Ou de Silêncio.

A autora ressignificou diferentes imagens e sentidos nessa sua travessia custosa.

E eu aprendi, e reaprendi a caminhar também por essa estrada pavimentada de esperanças e de milagres diários.

Não pude também deixar de admirar a beleza da edição, a capa, e observar os textos, cuidadosamente, organizados em tamanhos iguais.

Gratidão, amiga, pelos caminhos que você me permitiu percorrer com você nessa travessia.